Eu não sofro mais,
sofro,
talvez,
na mesma proporção que todos nós sofremos,
quer seja pelo sofrimento alheio
ou pelo simples devaneio...
Sofro personagem para escrever o ano inteiro
Sofro como criança pequena sofre no banheiro
[é tudo tão feito para adultos]
Sofro com o dinheiro público indo para o bueiro
Sofro quando vou ao jornaleiro
Sofro quando saio nas ruas ao encontro da miséria
Sofro neste imenso país que não leva a vida do cidadão a sério
Sofro pela imensa pobreza e a grandeza (de uma minoria) império
Sofro na violência contra as minorias
Sofro na violência do dia-a-dia
Sofro na ópera bufa que virou a nossa economia
Sofro com as injustiças sociais
Sofro com a prisão dos justo no alcatraz
(em condomínios fechados)
Para fugir da fome e miséria só com álcool atrás...
Sofro com o veneno do mundo
Sofro com a má distribuição de renda
Sofro com a falta de merenda
Sofro com o excesso de candidatos
Sofro com a carência de propostas sérias
Sofro com os rumos da economia
{globalização]
Sofro com a grana brasileira indo para a ilha da fantasia
{Sem saúde, segurança e educação}
Sofro como sofrem os poetas, loucos e vagabundos
Sofro para não ser diferente no mundo
Sofro com essa constante dor que é um tormento
Hoje estou que não me agüento
Com essa dor que é um tormento
Dores maiores que eu lamento
Dor de funcionário público sem aumento
Dor da inflação manipulada
que só nos dá porretada
Dor de poeta pobre
que não sabe fazer poesia rimada
Dor de quem mora na calçada
Chega de dor e sofrimento
senão aumenta o meu tormento.
